Uma equipe de investigadores do Departamento de Engenharia Civil e Engenharia Ambiental da Universidade de Berkeley, na Califórnia, está estudando alternativas para a utilização de cimento Portland, ou betão, como é chamado na língua portuguesa européia, tendo por base a análise da constituição de amostras de cimento do tempo do Império Romano, recolhidas na cidade de Pozzuoli, perto de Nápoles.

Verificou-se que o cimento encontrado em Pozzuoli possui uma micro-estrutura de grande estabilidade e é extremamente durável, existindo estruturas com mais de dois mil anos ainda em excelentes condições. O betão moderno, fabricado com cimento, tem um tempo de vida útil que não ultrapassa os 50 anos.

A constituição do ligante usado pelos Romanos só agora é totalmente conhecida, graças à utilização da tecnologia de Advanced Light Source no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley. Trata-se de um material baseado em  hidrossilicato de aluminato de cálcio, substância que é obtida pela mistura de cal e cinzas vulcânicas.

O betão assim conseguido tinha um comportamento especialmente interessante em ambientes agressivos, sendo usado frequentemente em obras portuárias e marítimas.
Nestes casos não era apenas o material usado que permitia obter betão estrutural de tão elevada qualidade. Também os métodos de fabricação usados eram determinantes, sendo a argamassa de cal e cinzas misturada com os agregados e submersa em  água salgada, confinada numa cofragem de madeira. Em vez de combater os elementos marítimos, os Romanos integravam-nos no próprio material.

A reprodução do processo de fabricação permitiu também concluir que o betão de Pozzuoli era mais ecológico e sustentável que o betão moderno, requerendo temperaturas de fabricação do ligante, inferiores a 1000ºC, ao contrário do cimento Portland que exige temperaturas próximas dos 1500ºC.

Apesar de possuir tempos de cura significativamente superiores ao betão de cimento portland e portanto não ser aplicável a todos os tipos de estruturas de Engenharia Civil, o betão de Pozzuoli é muito mais durável e sustentável. Além disso, a matéria prima básica do ligante, as cinzas vulcânicas, existe em grandes quantidades um pouco por todo o mundo, o que significa que a sua utilização pode ser novamente generalizada, tal como no tempo do Império Romano.

 

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