Conselho diz que Engenharia responde à altura, mas questões burocráticas e políticas travam as soluções para a crise hídrica
Após cinco anos de seca na Paraíba, as águas da transposição do Rio São Francisco começaram a chegar ao estado, em março, através do Eixo Leste da obra. Enquanto isso, no Alto Sertão paraibano, o Eixo Norte ainda não foi entregue e população da região de São José de Piranhas sofre os efeitos da estiagem prolongada. Por isso, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia da Paraíba (Crea-PB) se pronunciou, nesta terça-feira (13), para endossar os protestos para continuidade das obras.
Giucélia Figueiredo, presidente do Crea, diz que o Conselho já vem denunciando há anos o descaso e a falta de planejamento dos governantes para o equacionamento da crise hídrica, que afeta a Paraíba e outros estados do Nordeste, castigando milhares de famílias. A engenheira cita um manifesto publicado pelo Padre Djacy Brasileiro, expondo os problemas enfrentados pela população da região de São José de Piranhas em virtude da paralisação das obras do Eixo Norte. “Para o Crea, esse manifesto representa o clamor do povo nordestino, que espera soluções definitivas para a problemática da crise de abastecimento. O que constatamos é o Governo Federal totalmente inerte perante o atraso das obras, em uma demonstração de descaso para com o sofrimento das pessoas”.
Segundo a presidente do Crea, os protestos são válidos e necessários para atrair e exigir a atenção do Governo Federal para a situação de calamidade que as famílias sertanejas estão vivendo. “A população vive a expectativa de poder usufruir das águas, que só chegam até essa região através dos carros-pipa e dos poços artesianos. O Poder Público deve, há anos, uma solução efetiva para essa situação. Temos que cobrar e nos posicionar”, alerta.
O atraso no projeto do Eixo Norte ocorre por causa de uma guerra de liminares que encontram-se no Superior Tribunal Federal (STF) e envolvem empresas contratadas no processo licitatório. Giucélia aponta que a Engenharia tem respondido aos desafios da complexidade da obra, no entanto, o governo e a classe política não correspondem à altura para o enfrentamento das demandas judiciais e burocráticas que paralisam o projeto. “A seca não dá trégua e a população não pode esperar” conclui a presidente do Crea-PB.
Ascom Crea-PB