Considerar “comuns” os serviços de engenharia foi o principal questionamento apresentado por engenheiros, arquitetos, advogados e empresários que participaram da audiência pública promovida  pelo Ministério da Economia para debater e receber contribuições para a ementa que sugere alterar o artigo 01, do Decreto 5.540 que trata do Pregão Eletrônico. O presidente do Crea-PB, Antonio Carlos de Aragão, participou do evento, que ocorreu em Brasília na manhã desta quarta-feira (16).

Vigindo há 14 anos, a atual redação do artigo determina que: “A modalidade de licitação pregão, na forma eletrônica, de acordo com o disposto no § 1o do art. 2o da Lei no 10.520, de 17 de julho de 2002, destina-se à aquisição de bens e serviços comuns…”. A ementa propõe que a destinação alcance “inclusive os de engenharia”, e aí recai o questionamento de boa parte de lideranças e profissionais que representaram o Sistema Confea/Crea, durante a audiência. Entre eles, Joel Krüger, engenheiro civil que preside o Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) e Luciano Guimarães, presidente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo  (Cau-Br).

Logo no início da audiência –  comandada por Wesley Lira, diretor do Departamento de Normas,  Andrea Anche, diretora de Logística e  Rogério Daniel,  Secretário de Gestão, do Ministério –  Krüger pediu que o ministério definisse melhor o que seria  “um serviço comum de engenharia”, já que, para os engenheiros, “existem serviços comuns e existem serviços de engenharia”.

“Ao contrário do comum, os serviços de engenharia exigem conhecimento especializado”, disse o presidente do Confea. Diante do alerta, Lira propôs de pronto uma reunião com Confea e Cau para definir a questão com maior clareza.

Guimarães, por sua vez, indagou que estudo teria sido feito para determinar  a qualidade de um produto e “qual o conceito utilizado para a definição  do que seria um serviço comum em engenharia e arquitetura”?

12 mil obras paralisadas

Fatima Có, eng. civil presidente do Crea-DF, chamou  atenção para o fato de que “no Tribunal de Contas, muitos analistas não são engenheiros ou arquitetos, por exemplo, e, por falta de conhecimento mais específico, julgam tudo como  superfaturamento”.

Criado para, segundo o ministério, melhorar normas e plataformas tecnológicas que sustentam os processos licitatórios no âmbito do poder público federal, movimentando R$ 48 bi nos últimos anos, o Pregão Eletrônico se tornou atividade essencial para o estado poder funcionar.

Sem discordar do pregão em si, mas do critério usado para a contratação de determinados serviços, os participantes da audiência trataram também da utilização de robôs nos lances licitatórios. Para eles, essa interferência faz com que o preço das obras baixe a índices que não permitem sua realização e gera obras paralisadas país  afora. “12 mil delas”, segundo   Wagner Cardoso e Evaristo Pìnheiro, da Confederação Nacional da Indústria. Ambos destacaram que “o foco da entidade é o uso de pregão eletrônico para contratação de serviços de engenharia”.

Presidente Fátima Có: Tribunal de Contas precisa estar mais atento à área
Presidente Fátima Có: Tribunal de Contas precisa estar mais atento à área

 

Estudos indicam que empresas focam na quantidade e não na qualidade de lances, e nem sempre uma mesma solução construtiva pode ser aplicada em vários tipos de terreno, alertam. “Para se fazer engenharia precisamos inovar. Contratar pelo menor preço sempre não implica em eficiência”, defenderam.

Krüger esteve acompanhado de integrantes das assessorias Parlamentar e Jurídica, do Confea e dos presidentes dos Creas de Goiás (Francisco Almeida), Paraíba (Antonio Carlos de Aragão) e Bahia, Luiz Campos, além da presidente Fátima Có (Crea-DF).

Ao final da Audiência, o presidente Aragão falou sobre a importância da Audiência como um primeiro passo para o diálogo, mas reiterou a posição do sistema Confea/Crea: Engenharia é uma coisa complexa, que deve ser executada por profissionais habilitados e através dos seus projetos e de um planejamento bem feito conseguirá economizar recursos e fazer com que as obras sejam concluídas e que o uso dessas obras atenda a sociedade, porque o que nós vemos hoje é a contratação de serviços por menor preço, sem projeto. Essas obras se iniciam e não terminam, e os recursos acabam desperdiçados e a sociedade não é atendida”, explicou o presidente do Crea-PB.

 

Confira resumo em vídeo

 

Ascom Crea-PB com informações de Maria Helena de Carvalho
Equipe de Comunicação do Confea

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